terça-feira, 29 de julho de 2008

Hört auf zu hassen

Qual é a coisa que você mais odeia no mundo? Você sabe, aquilo que faz com que seu estômago desista de funcionar quando você pensa a respeito. Aquilo que faz com que a respiração pareça mais difícil, e faz com que você se lembre que por pior que tudo pareça, há um motivo para a vida no mundo.
Pois você odeia algo.
Você entende o que eu quero dizer com ódio certo?
Não, talvez você não saiba.
Eu não me refiro ao incomodo que você sente quando vê aquele ser que não gosta, não me refiro ao desejo breve de matar quando lhe provocam, ou até mesmo ao sentimento de resposta que se sente quando as coisas acontecem de forma oposta a aquilo que se espera.
Não, não é disso que eu falo.
Eu falo do sentimento que lhe leva a desejar plenamente a dor ao outro. Eu falo dá idéia de que a única função da sua existência é frustrar a vida daquele ser. Eu falo da noção absoluta de que algo não merece o ar em que se sustenta. E da alegria que você sente ao saber que é recíproco.
Por isso que eu gosto do ódio, quando você o sente direito, sempre sentem ele de volta.
É como o amor, só que você não precisa implorar a nada para que seja recíproco. É a certeza de saber que enquanto você pensa no seu alvo, ele também está pensando em você. Seja para lhe destruir ou machucar.
E me é engraçado ver como vocês acreditam no ódio como algo simples, que basta ser sentido.
Ódio não é ódio se não for consumado.
Raiva, fúria, rancor, desejo de vingança... Há uma infinidade de idéias que expressam bem isso que você sente, mas se você não consuma, não pode chamar de ódio.
Então você não odeia nada... Que pena.
Se eu odeio algo? Sim, odeio. E posso dizer isso pois ao estar aqui, sentado com você, lhe contando que eu acredito que o ódio é mais forte e potente do que qualquer outra coisa que pode haver, eu consumo meu ódio.
Como, é complicado, mas eu lhe explico.
Imagine um ser cuja maior alegria, é ver-lhe feliz. Tudo que você faz para se aprazer-se também traz gozo a este ser, e o maior objetivo da vida dele é ver-lhe bem.
Não, não como um amante, como um parasita.Um parasita conhece plenamente seus maiores desejos, e faz de tudo para que você próprio se guie a realização deles.
Por algum motivo que lhe foge a própria razão, você se incomoda por ver outro ser querendo-lhe bem.
E só há uma forma de machucar algo que lhe quer tão bem. Machucando a si.
Mas como eu já lhe disse, o ódio é recíproco.
Se destrua, e assim como esse parasita de deliciava em ver-lhe feliz, se deliciara o dobro ao ver-lhe sofrer.
Sabe, há algo pior que a alegria ou a tristeza, é a linha que divide os dois. Justamente o ponto onde eu tomo o cuidado de me manter.
Por que eu odeio esse ser tanto? Não, eu não sei qual a razão.
Por que eu me empenho tanto nisso? Também não sei o por que.
Não, não seria mais simples matá-lo, é o que ele quer, e não se dá a um inimigo o que ele quer não é.
Como ele é?
Não sei, nunca pude por os olhos nele. Eu só o ouço...
Louco, eu?
Pelo visto, você realmente não ouviu nada...
Você não odeia ninguém não é? É uma pena...

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